Conhecido como MinWin, o sistema tem apenas 25 MB, contra 4 GB do Windows Vista.
A expectativa é que o MinWin seja usado como base para o Windows 7, o sucessor do Vista, previsto inicialmente para 2010. O MinWin é parte de um esforço que a Microsoft vem fazendo na tentativa de chegar a um sistema operacional de manutenção mais fácil. Com mais de 5 mil arquivos, o Windows Vista ocupa 4 GB no disco. Além de o sistema operacional ser pesado para o micro, sua manutenção é cara e complexa, o que também aumenta as chances de ocorrência de falhas. Parte das reclamações de usuários sobre a lentidão do Vista vêm daí.
O MinWin foi apresentado recentemente por Eric Taut, engenheiro sênior da Microsoft, numa palestra na universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Há um vídeo da apresentação disponível no site da universidade. Nele, depois de falar bastante sobre virtualização, o tema principal da palestra, Taut mostra o MiniWin rodando. Como o software não inclui um subsistema gráfico, a tela inicial mostra o logotipo do Windows formado por caracteres alfanuméricos. O sistema ocupa apenas 4 MB de memória e inclui um servidor web simples.
Taut diz que o MinWin é para uso interno apenas. Ele não vai virar produto. Mas pode ser a base para o futuro Windows 7. Ele reconhece que o Vista está pesado e complicado demais. Considerando que ele comanda um grupo de 200 programadores na Microsoft, isso é uma boa notícia. Pode indicar uma mudança na estratégia de desenvolvimento da Microsoft. Da mesma forma que a segurança passou a ter uma prioridade maior para a empresa nos últimos anos, preocupações com a complexidade excessiva do sistema poderão ser levadas em conta no futuro. O Windows Server 2008 deverá ter, em sua configuração mínima, cerca de 1,5 GB. Já é um avanço em comparação com os 4 GB do Vista.
Texto original publicado no Blog do Maurício Grego, editor da Info Exame.
Vocês devem estar se perguntado: porque uma notícia referente ao MS Windows está fazendo aqui, num blog que se propôs a divulgar conhecimento relacionado do mundo do Software Livre? A resposta para isso é um pouco técnica, mas a conclusão é bastante interessante.
Um sistema operacional é um software que tem um relacionamento muito próximo com o hardware. O Windows, o Linux, o MacOS, BSD, etc, são exemplos de SO. Eles são responsáveis por traduzir para o hardware os comandos inseridos pelos usuários, servindo assim como um meio através do qual o ser humano interage com a máquina sem que necessariamente precise saber o significado de um caminhão de zeros e uns, a única linguagem (binária) que um circuito eletrônico entende. Todo sistema operacional se divide, basicamente, em kernel (o núcleo do sistema) e shell (o meio de interação com o usuário, onde são executadas as aplicações – que serão explicadas a seguir).
Sobre o kernel e o shell, são executadas as aplicações. Um editor de texto, um editor de planilhas, um browser de internet, um comunicador de mensagens instantâneas, tudo isso é aplicação. Inclusive a interface gráfica. Interface gráfica é um software que traduz comandos executados pelo computador através de desenhos (ícones), de maneira a facilitar a utilização por parte do usuário, pois ao invés de digitar uma série de comandos, com uma série de parâmetros, basta simplesmente utilizar um dispositivo apontador (também conhecido como mouse) e clicar sobre o referido ícone, onde por exemplo, indica um editor de texto como um desenho de uma folha de papel com uma caneta, um editor de planilhas como uma tabela com dados, etc.
Calma gente, já estou terminando. É que preciso que todos entendam os pormenores do assunto primeiro, para explicar finalmente o porque deste post. 🙂
O GNU/Linux possui um kernel (o Linux propriamente dito), um shell (bash, sh, etc) e interface gráfica (KDE, Gnome, etc). Individuais, separados, atuando em suas respectivas esferas de responsabilidade. Por isso funciona, este é um dos pilares de seu desenvolvimento, e uma das garantias de sua estabilidade. O Windows, até sua versão 3.11 também os possuía, um kernel (o DOS), um shell (o prompt do DOS) e interface gráfica (o Windows propriamente dito). E funcionava. Só que a partir da versão 95, o Windows mesclou tudo numa coisa só, sem distinção. Daí a coisa desandou…
A interface gráfica, e os softwares relacionados a ela, são os processos que mais consomem recursos de um computador, logo são aquelas de execução muito crítica. No Linux, se uma aplicação gráfica (ou mesmo toda a interface) trava, o kernel e o shell continuam a funcionar, sendo necessário apenas reiniciar a referida aplicação. O SO é estável, possui mecanismos pra gerenciar bem estes processos, daí a ocorrência pouco frequente deste tipo de problema. No Windows, quando uma aplicação gráfica trava, não há como saber o que é o que lá dentro, aí ocorrem as famosas “blue screen of death”, ou tela azul da morte. A aplicação compromete a estabilidade do sistema como um todo.
Enfim, a conclusão: a Microsoft, com esta demonstração, está dando a entender, mas sem “dar o braço a torcer”, que está reconsiderando sua estratégia de construção de SO. O elefante branco que se tornou o Windows, na questão de consumo de recursos, manutenção, etc, somadas, além de outras coisas, a estas características descritas por mim logo acima, deixam claro que não foi exatamente um bom passo dado, aquele das versões 3.11 pra 95. E a solução, desde sempre adotada pelos sistemas Unix-like é que realmente funciona. A Apple já tinha percebido isso anteriormente, então migrou seu MacOS para um kernel BSD-like, e incrementou a qualidade de seu SO.
É aquela velha história: “Eu te avisei…”
Mas, para mim, a cereja do bolo desta matéria foi “Taut diz que o MinWin é para uso interno apenas“. Nunca foi segredo que a máxima do casa de ferreiro, espeto de pau sempre se aplicou a Microsoft. Não entendeu? Clique aqui.
Até a próxima. Have Fun! 🙂